Oficina Criativa para Nossa Ocupação – Ocupação Chico Prego – Foto Renato Moulin
No coração da Cidade Alta, o som, a cor e a força das periferias vão tomar conta da Casa de Música Sônia Cabral no dia 24 de outubro de 2025. O evento Mercado e uma das etapas do Projeto Mercado Cultura em Movimento, promete ser uma grande celebração da economia solidária e criativa capixaba, reunindo arte, música, audiovisual, moda, debates e uma feira cultural repleta de criações locais.
Mais do que uma mostra, o Mercado é o resultado de meses de trabalho colaborativo entre artistas, oficineiros e empreendedores do Território do Bem, Morro do Quadro Ocupação Chico Prego, três entidades que acreditam e representam resistência, diversidade e potência criativa.
Realizado pelo Ponto de Cultura Varal Agência de Comunicação, do Ateliê de Ideias, o Projeto Mercado Cultura em Movimento nasceu em agosto de 2025 com uma proposta ousada: formar, fortalecer e conectar criadores periféricos ao mercado artístico e cultural.
A iniciativa conta com o apoio do Ministério da Cultura, via emenda parlamentar do senador Fabiano Contarato, com indicação da vereadora Karla Coser, e parceria da Ocupação Chico Prego e do Instituto Quadro de Esperança. A cobertura oficial é do Calango Notícias, veículo comunitário que há anos dá voz às narrativas locais do Território do Bem.

Oficinas
Ao longo de três meses, 75 participantes passaram por sete oficinas de capacitação profissional, aprendendo a criar, produzir e comunicar suas próprias expressões culturais em áreas estratégicas da economia criativa. Foram realizadas oficinas de Produção Musical e Artística, Produção de Clipe, Fotografia de Eventos Culturais, Produção de Eventos Culturais, Documentário, Criação de Mobiliário e Artesania Ancestral.
Cada uma dessas oficinas teve como missão aliar formação técnica e valorização das raízes culturais e identitárias, abrindo caminhos para que os participantes se tornassem protagonistas da própria história e fortalecessem seus territórios e grupos sociais.

Depoimentos
Ficou claro que mais do que técnicas e ferramentas, as oficinas despertaram sonhos de geração de renda, vontade de saber mais, além de inspiração, afetos e laços de convivência. Esses depoimentos revelam o verdadeiro impacto humano do projeto: reconectar pessoas, saberes e territórios por meio da arte e da economia solidária criativa.
Para Mirela Karollyne Caldeira, participante da Oficina de Audiovisual: Produção de Documentário, o aprendizado foi a realização de um desejo antigo: “Eu tô adorando porque é uma coisa que eu sempre quis aprender.”
Entre câmeras, ideias e trocas intensas, Mirela e o grupo descobriram novas formas de enxergar a vida e as histórias que os cercam.
Na Oficina de Produção Musical e Artística, o participante Weverton Barcellos mergulhou no universo da criação coletiva e resumiu o sentimento com entusiasmo: “O que eu não sabia, estou aprendendo. E vou saber fazer.”
Já Jéssica Nascimento dos Santos, moradora do Morro do Quadro e participante da Oficina de Artesania Ancestral, contou que o processo foi muito mais do que aprender técnicas ou pensar em empreender. Para ela, foi um espaço de convivência e partilha que transformou relações e trouxe novas lições para a vida: “Hoje o abraço dessas pessoas todos os dias do curso é mais do que importante.”
“É uma maravilha. As coisas que a gente não sabia, a gente aprendeu!” A moradora da Ocupação Chico Prego, Vanderlúcia Inácio Rodrigues, foi aluna da oficina ‘Troca de Saberes: Oficina Criativa para Nossa Ocupação!’.
Ciclo de Debates
Antes do Mercado, no dia 24 de outubro, grande evento final, o público poderá acompanhar as rodas de conversas que fazem parte da etapa de formação do projeto. O evento Ciclo de Debates – Espaço de Trocas e Aprendizado, acontece entre os dias 20 e 23 de outubro, na Casa Caipora, no Centro de Vitória.
O espaço, conhecido por ser um ponto de encontro da resistência cultural capixaba, sediará conversas com artistas, pesquisadores e empreendedores criativos, ampliando o diálogo sobre os rumos da cultura e da economia criativa no Espírito Santo.
Programação
20 de outubro: Roda de Conversa “Tendências do Mercado de Música: Estilos, Públicos e Contratações”.
21 de outubro: Roda de Conversa “Grandes Eventos: Do Planejamento à Execução e Escolha de Artistas”.
22 de outubro: Roda de Conversa “Emancipação Coletiva nos Centros Urbanos”
23 de outubro: Roda de Conversa “Moda, Criatividade e Meio Ambiente”
*Evento final*: Mercado na Casa de Música Sônia Cabral
O encerramento do projeto Mercado Cultura em Movimento acontece no dia 24 de outubro, a partir das 13h, com o evento Mercado, que ocupará a Casa de Música Sônia Cabral, um dos espaços culturais mais simbólicos da capital.
A programação será dividida em dois ambientes: o Espaço da Música, com apresentações e performances artísticas que traduzem a pluralidade sonora das comunidades; e o Espaço Criativo, dedicado à exposição e comercialização de produtos desenvolvidos nas oficinas, além de outros empreendimentos do Território do Bem.
A programação começa às 13h, com a abertura e a Exposição “O Banquinho: uma experiência de troca de saberes na Chico Prego”, na sacada. No foyer, o público poderá visitar a Bendita Feira e acompanhar o Ateliê Artesanias, com bordado e customização ao vivo.

Às 15h, será exibida a Mostra de Documentários, com os filmes Liberdade de Morar (Penha Souza), Eu moro aqui (R. Richard) e Invisíveis (Adryanna Alves), todos produzidos no Espírito Santo. Após as exibições, haverá uma roda de conversa com produtores e diretores.
Às 16h20, o evento apresenta a Mostra de Videoclipes, com Costurando en Français (MonaCacheada) e Território do Bem (Carlos Jayme e David dos Santos), seguida de bate-papo com os realizadores.
A partir das 17h30, o público acompanha a Batalha do Estacionamento (eliminatória). Em seguida, às 18h, sobem ao palco Renzo e Kim; e às 18h50, o grupo vocal Ecos do Bem, do CRJ Território do Bem, sob regência de Mivanei Norma.
A grande final da Batalha do Estacionamento acontece às 19h40. O encerramento será em grande estilo: às 20h, o público confere o espetáculo do Coral Serenata D’Favela e da Orquestra Sinfonia D’Favela, com participação de Jaddy Meira. A festa termina às 21h30, ao som contagiante da Escola de Samba Pega no Samba.
Artigo de Opinião: Cultura periférica como política pública
Por Geisiane Teixeira
Em um País em que a desigualdade social ainda define o acesso à arte e ao conhecimento, pensar cultura como política pública é um ato de resistência. E, a quem possa interessar, de inteligência coletiva. Projetos como o Mercado Cultura em Movimento, que está sendo desenvolvido em parceria com 3 entidades sociais, mostram, na prática, que a cultura das periferias não é apenas expressão estética: é estratégia de desenvolvimento, formação de cidadania e geração de renda. Eles, de fato, cuidam de gente e mudam vidas!
Por muito tempo, as políticas culturais no Brasil estiveram concentradas em grandes centros e em circuitos formais de produção artística. As políticas, mas não as culturas. Nas brechas desse sistema, a periferia criou seus próprios meios de existir e contar suas histórias. É dessa potência que nascem diversas iniciativas que criam um ecossistema de aprendizagem, protagonismo e sustentabilidade econômica.
Nesse projeto, a iniciativa articula três dimensões fundamentais e interdependentes. A primeira é a formação, por meio de oficinas e debates que oferecem ferramentas técnicas e conceituais para jovens e adultos atuarem com mais autonomia na economia criativa. A segunda é a produção e visibilidade, materializada no evento Mercado, que transforma o centro da cidade em vitrine da criatividade popular das periferias, ocupando ambientes novos. E a terceira, talvez a mais estratégica, é a conexão com o mercado, abrindo caminhos para que as ideias e talentos periféricos circulem, sejam valorizados e remunerados de forma justa. É sobre dignidade, reconhecimento e futuro.
Essas dimensões não são apenas etapas de um projeto. Elas compõem um modelo de política cultural participativa, que reconhece a cultura como um direito fundamental. E não como privilégio ou entretenimento eventual, perdido. Está provado que quando o poder público e as comunidades se escutam, surgem experiências que inspiram novas formas de gestão e de construção de políticas públicas.
Investir na cultura periférica é investir em pessoas, em autoestima, em valorização de territórios e em novas economias possíveis. É enxergar que o artista, o artesão, o produtor e o comunicador das comunidades não estão à margem do sistema. Mas eles são o coração pulsante da inovação social.
Geisiane Teixeira é diretora presidente do Ateliê de Ideias, OSCIP que atua há anos na promoção do desenvolvimento comunitário e da economia solidária e economia criativa nas periferias capixabas, especialmente no Território do Bem.

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