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Projeto reforma casas de famílias vulneráveis ao coronavírus

A iniciativa é um projeto piloto realizado por organizações sociais do Território do Bem e atende a famílias empobrecidas e numerosas que correm risco de saúde devido às más condições de suas residências.

Você sabia que a sua casa é uma fonte importante saúde? Se você respondeu sim, você está correto. Se o local onde você mora é arejado, com boas condições sanitárias, sem infiltrações que produzem mofo e umidade, então você tem tudo para estar bem de saúde. Mas, se sua casa não se enquadra nestas condições, você tem motivos para se preocupar.

E nesta pandemia, em que a recomendação é ‘ficar em casa’ para evitar a proliferação do Covid-19, o vírus que já contaminou mais de 10 milhões de pessoas em todo o mundo e causou mais de 500 mil mortes (OMS, 30/06), este é um problema para as famílias mais empobrecidas e, às vezes, numerosas, cujas residências são pequenas, com muitos problemas em sua estrutura física. Estas condições geram riscos principalmente de doenças respiratórias, muito graves no contexto da pandemia atual.

Esta é a realidade de muitas famílias do Território do Bem, região central da cidade de Vitória (ES) e constatada na pesquisa Saberes, Fazeres e Perfis dos Moradores do Território do Bem, realizada em 2019, pela Associação Ateliê de Ideia, Fórum Bem Maior e Instituto Unimed.

Pensando no bem estar destas famílias, situação agravada pela pandemia, o Ateliê de Ideias e a ONG de arquitetos urbanistas Onze8, se uniram e criaram o projeto Saúde Habitacional do Território do Bem, para realizar melhorias em algumas habitações que geram riscos para seus moradores.

Inicialmente, apenas quatro residências, duas na comunidade de Jaburu e duas em São Benedito, vão receber as obras do projeto. “Os critérios de escolha levam em conta fatores como o número de residentes, ter mulheres como chefes de família e viabilidade das reformas diante dos valores pré-estabelecidos”, esclareceu Renan Grisoni, arquiteto que acompanha o Projeto.

Como ação emergencial durante a pandemia e para tirar as pessoas  da situação de risco de contaminação pelo Covid 19, as famílias foram transferidas para casas alugadas, com mais espaço e melhores condições sanitárias, enquanto durar as obras da reforma.

A situação das residências

O projeto já se encontra em fase de execução, com a definição de critérios e escolha das residências que receberão as primeiras intervenções e a elaboração dos projetos a serem executados.

Jaburu

Uma das residências que está sendo atendida é a da Maria Lúcia Gonçalves Moreira. Nela, vivem sete pessoas que dividem cinco cômodos: dois quartos, uma sala, um banheiro e a área de serviço.

Além do tamanho reduzido, a casa apresenta uma distribuição pouco eficaz dos cômodos, com quartos mal dimensionados, banheiro voltado diretamente para a sala e uma relação cozinha/área de serviço/sala inadequada, coma uma pia subdimensionada e afastada dos demais eletrodomésticos. Suas paredes possuem alguns buracos e nem todas estão rebocadas.

O telhado, além de buracos, também está com mofo e a caixa d’água é pequena para a demanda de seus moradores, sendo corriqueiro faltar água em certos horários. A maior parte dos cômodos não possui janela e a lateral da casa fica abaixo do nível do passeio, dificultando sua inserção, já que estas poderiam tirar a privacidade de seus moradores.

Feliz com a casa alugada onde está morando enquanto dura a reforma, Maria Lúcia disse que tinha vergonha da sua residência. “Era muito apertado, as crianças quebravam as coisas. Agora eu sonho com a minha casa bonita, espaçosa, saudável”, afirmou.

Já na  casa da Renata dos Santos, também em Jaburu, são nove moradores e a residência tem problemas de entupimento no vaso sanitário, quartos sem ventilação e iluminação natural, infiltração causada por falta de impermeabilização na laje do vizinho, cano de esgoto primário exposto no meio da residência e problemas de conforto por conta de esquadrias inadequadas. “Minha casa vai ficar maravilhosa”, afirma Renata.

“É com muita alegria, satisfação e esperança que a comunidade de Jaburu recebe o projeto Moradia e Saúde. Este projeto está fazendo a diferença para muitas famílias que são invisíveis aos olhos do poder público, que vivem extrema dificuldade, agravadas neste momento de pandemia. Este projeto está fazendo uma extrema diferença para essas famílias”, declara Cosme Santos de Jesus, do Grupo Nação.

São Benedito

Outra residência selecionada pelo projeto  é da Maria Sônia Silva Nascimento, em São Benedito, onde moram seis pessoas. A casa tem uma área externa de serviço, um banheiro, dois quartos sala e cozinha. A cobertura é de telhas de amianto e aparenta mofo e infiltrações. Conforme levantamento dos arquitetos da ONG Onze8, é possível que haja infiltrações também pelo piso externo , por onde passam os canos de água pela parte de fora da casa.

Na Casa de Eunice Rodrigues Damascena, também em São Benedito, moram oito pessoas. O local está com o reboco e  pinturas degradas, as janelas estão muito velhas , a parte elétrica apresenta problemas na rede de esgoto. A família declarou que gostaria principalmente de reformas no banheiro, que também apresenta problemas, e uma estante adequada para guardas os alimentos na cozinha.

Cronograma das obras

Esta primeira experiência do Projeto Saúde Habitacional do Território do bem devem estar concluídas em outubro deste ano. Segundo informou o arquiteto Renan Grisoni, nas duas casas de Jaburu, o trabalho de reforma já começou há mais de uma semana, principalmente na residência da Maria Lúcia, onde o marido já tinha dado início à uma pequena reforma no local, agora com orientação dos técnicos da ONG Onze8.

Na casa da Renata, as obras também já começaram e devem estar concluídas em duas semanas. Grisoni explicou que o trabalho na comunidade de São Benedito, acompanhado pelo arquiteto Ivan Rocha, está em fase de elaboração de projeto e levantamento de orçamentos do material de construção e da mão de obra.

“A compra do material e a contratação da mão de obra está sendo feita nas próprias comunidades para fazer com que os recursos permaneçam e fortaleçam a economia local. Essa é a ideia do projeto também”, afirmou Renan. Ele cita, por exemplo, que os problemas estruturais das obras estão sendo orientados pelo engenheiro Tiago de Jesus que  é  morador de Jaburu.

Sonho

Ter uma boa casa, segura, saudável e bonita, é o sonho de todos, mas para quem mora na periferia das grandes cidades,  nele é mais distante. Mas quando há solidariedade ele pode acontecer. “É o que nós queremos trazer com este projeto, que as pessoas dessas comunidades, tenham a chance de concretizar os seus sonhos. Quando dizemos “fique em casa”, não paramos para ver como está essa casa. E este projeto é uma experiência piloto que mostra que é possível fazer assistência técnica com profissionais nas comunidades, onde a preocupação principal é com a saúde de seus moradores”, afirmou Renan

Para Denise Barbieri Biscotto, do Ateliê de Ideias, a solidariedade está em alta neste período de pandemia. “Tem muitas organizações da sociedade civil e pessoas apoiando e cobrando ações institucionais quanto a assistência técnica gratuita para habitações de interesse social. Enquanto a gente busca uma política pública, trabalhamos duro para que famílias tenham um teto digno para viver”.

Denise explicou que, para além das quatro residências cuja reforma está sendo custeada pelo Instituto Unimed, a Associação do Ministério Público também vai financiar a reforma de mais uma casa no Território. “E outras iniciativas solidárias estão surgindo, como a dos alunos de um curso de cerâmica que estão reunindo contribuições para a reforma de uma casa no bairro Flexal, em Cariacica”.

Como colaborar com o projeto?

O Projeto Saúde Habitacional fez um levantamento  que apontou pelo menos doze moradias que precisam de uma intervenção imediata. A iniciativa busca doações, seja de recursos ou de material de construção, para viabilizar a reforma destas unidades.

Colabore:

Doações em dinheiro: Associação Onze 8 – CNPJ: 35.587.145/0001-15 – Banco Cooperativo do Brasil BANCOOB (756 )- Agência: 0001 – Conta Poupança: 63.336.705-2

Patrocínio ou doação de materiais de construção tratar com Denise Biscotto – (27) 981187676

Marina Filetti

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