CulturaEconomia CriativaNotícias

Rodas de Conversa expõem conquistas e desafios do mercado cultural e para viver a cidade

Participantes da Roda de conversa “Moda, criatividade e meio ambiente” – Lúcia Sathler,, Suellen Castello, Ana Márcia Erler e Makapon

Foto: Gabriel Baessa 

Produção musical, eventos culturais, habitação e moda sustentável foram temas que nortearam reflexões  torno da economia criativa nas Rodas de Conversa do Projeto Mercado Cultura em Movimento

A casa Caipora, no Centro de Vitória, foi palco de uma sequência de quatro rodas de conversa promovidas pelo Projeto Mercado Cultura em Movimento, realizadas entre os dias 20 e 23 de outubro de 2025. Com temas que perpassaram todo o projeto, os encontros reuniram participantes interessados em mudar a forma de viver no mundo e na nossa cidade.

“Tendências do Mercado de Música: Estilos, Públicos e Contratações”

No dia 20, 0 debate foi sobre “Tendências do Mercado de Música: Estilos, Públicos e Contratações”. O painel reuniu profissionais que vivem e transformam o cenário capixaba, abordando temas como estilos, públicos, contratações, meios de divulgação, construção de portfólio, oportunidades em shows e festivais, editais e parcerias.

O mediador foi Jorman da Penha, produtor, compositor e músico com mais de 27 anos de carreira, ex-integrante da banda Herança Negra e atualmente em carreira solo com o álbum “Estado”. “O artista tem que estar em todo lugar e ocupar o espaço”, resumiu o mediador.

Os debatedores foram Marcus Pansera e Leonardo Meira. Marcus é economista e mestre em economia da cultura, produtor e gestor cultural, fundador de projetos como escadaria, pindorama, residência cultural e Casa Caipora, com mais de 200 eventos realizados. Ele acredita no boca a boca para apoiar a divulgação dos trabalhos. “O artista começa em casa, com amigos e parentes, e depois vai crescendo”, alertou.

Leonardo é jornalista, radialista, músico e produtor cultural, coordenador adjunto do Núcleo Acadêmico Poiein e produtor de festivais como Primavera Teresense, Santa Jazz e Jazz Vitória, além de atuar como baterista em diversas bandas. Ele compartilhou sua visão como jornalista e falou da importância do artista ter um material de divulgação robusto e bem organizado, para além do Instagram, ter um bom portfólio, releases e até site.

E pra fechar a noite do primeiro dia do ciclo de debates, a atração cultural “Isso é tudo menos um Sarau” mostrou a arte em poesia.

Jorman da Penha, Marcus Pansera e Leonardo Meira – Foto: Meuri Ribeiro

Grandes eventos: do planejamento à execução e escolha de artistas”

No dia 21, a roda de conversa “Grandes eventos: do planejamento à execução e escolha de artistas” integrou o projeto Mercado Cultura em Movimento. Para conduzir o bate-papo, participou como mediadora Mirella Bravo, que é jornalista, advogada, mestre em Comunicação e professora universitária na Faesa, com formações em Comunicação Organizacional, Liderança, Docência, Direito Digital e Direito de Família, reconhecida por sua atuação em jornalismo especializado. Para ela, o ponto primordial de qualquer evento é o planejamento pormenorizado em todas as etapas.

Na mesa, participou o convidado Thallys Machado. Ele é produtor teatral desde 2021, com experiência em produções como Daniel e o Leão, o Musical, Twinkle, o Musical e Desejos de Natal, especialista em logística, cenografia, desenho de luz e recursos técnicos. Ele trouxe uma mensagem de esperança e persistência: “É preciso acreditar. Acreditar no processo, nas pessoas e na força da cultura para mover o que parece impossível.”

Luciana Almeida também foi convidada e completou a mesa. Ela é jornalista, colunista do jornal A Gazeta e comentarista na Rádio CBN, especialista em comportamento, relacionamentos e elegância, com ampla trajetória como cerimonialista de grandes eventos sociais e corporativos. Ela destacou que uma forma de começar na área é conversando e se apresentando para pessoas que atuam.

A noite terminou com muita música e boas energias, reforçando o propósito do projeto: conectar, inspirar e fortalecer a cena cultural capixaba. @youseekimy e @julyadevix arrasaram no palco, trazendo uma apresentação elaborada na Oficina de Produção Artística e Musical.

Mirella Bravo, Thallys Machado e Luciana Almeida – Foto: Thamyres Valadares

“Emancipação coletiva nos centros urbanos”

A roda de conversa “Emancipação coletiva nos centros urbanos” propôs uma reflexão sobre as possibilidades de transformação social por meio da economia criativa, das formas de organização e da segurança alimentar, com foco na geração de renda e na moradia digna.

A atividade reuniu experiências inspiradoras que mostram como a coletividade pode gerar impactos positivos nas comunidades. Participaram Ivan Lazaro de Oliveira Rocha, como mediador; e Ana Paula Cirilo dos Santos e Lucas Damm Cuzzuol, como convidados.

Ivan é arquiteto urbanista e especialista em urbanismo social, que atua com assessoria técnica popular para comunidades e ocupações da Grande Vitória, desenvolvendo soluções baseadas na Lei de Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social, com foco na adequação sociotécnica e na participação coletiva.

Ana Paula – Foto: Wagando

na Paula Cirilo dos Santos é dirigente nacional do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), representante do Espírito Santo, com formação em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e pós-graduação em Administração Pública e Ciências Políticas, integrante do movimento Despejo Zero Nacional e conselheira estadual de cidades. Ela falou sobre a luta por moradia digna, a importância do fortalecimento de redes de apoio e a busca por participar de instâncias deliberativas.

Lucas Damm Cuzzuol é arquiteto urbanista e mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Espíriro Santo (Ufes), professor na Multivix, membro do Conselho Municipal de Habitação de Vitória e conselheiro estadual do CAU/ES, que atua com assessoria técnica popular por meio da extensão universitária e da Associação Onze8, em parceria com movimentos populares e comunitários.

Damm apresentou um panorama sobre o déficit habitacional, imóveis subutilizados e abandonados em Vitória e as mudanças urbanas previstas. Ele promoveu ainda a reflexão sobre a ocupação da cidade, proteção da memória, crise climática e necessidades reais de moradia.

Para fechar a noite, a atração cultural foi a DJ Úrsula Pussynail, preta, gorda e drag queen, que é a personagem do artista, beatmaker, produtor cultural Ícaro Goulart.

Ivan Rocha, Ana Paula Cirilo e Lucas Damm Cuzzuol e a interprete de Libras Marcia da Costa – Foto: Wagando

“Moda, criatividade e meio ambiente”

A roda de conversa “Moda, criatividade e meio ambiente” encerrou o ciclo de debates com uma reflexão que une estética, inovação e responsabilidade. A proposta foi compreender a moda não apenas como vestuário, mas como uma poderosa ferramenta de transformação social e ambiental, destacando caminhos sustentáveis que valorizam o trabalho artesanal, o protagonismo feminino e a responsabilidade socioambiental nas comunidades.

A roda teve como mediadora Lúcia Sathler, que é assistente social, facilitadora de círculo de mulheres, mentora de empreendedoras sociais e pós-graduanda em Cidades Sustentáveis, atualmente coordenadora local do projeto Artesania Ancestral, trazendo uma visão sobre o impacto social da moda. “Não é preciso tanto para viver. E a ancestralidade já nos explicou isso. Ter consciência é uma prática ancestral exemplar”, disse Lúcia Sathler.

Suellen Castello – Foto: Gabriel Baessa

Suellen Castello foi uma das convidadas. Ela é bióloga, palestrante e especialista em sustentabilidade, justiça climática e acessibilidade, reconhecida como referência no Espírito Santo em inovação socioambiental, head de sustentabilidade do Instituto das Pretas e do projeto LabFuturos, além de fundadora da comunidade Sustentabilidade sem Neura e podcaster.

“É importante relacionar a consciência com a sustentabilidade. Assim, você, de fato, controla o seu consumo de forma consciente. Ao pensar se preciso comprar, eu estou sendo consciente. E ao comprar o que eu preciso de verdade, eu sou sustentável”, ressaltou Suellen Castello.

Ana Márcia Erler também foi convidada. Ela é membro fundadora da cooperativa Manualidade Terapia Saúde Mental e Artesania, especialista em psicodrama e yogaterapia, arquiteta urbanista com especialização em políticas públicas e cidades inteligentes, palestrante nas áreas de desenvolvimento urbano sustentável, gestão democrática e participação popular. “A gente tem que tomar consciência e mudar em grupo”, frisou.

Outra convidada especial foi Makapon, instrutora da Oficina de Artesanias Ancestrais. Ela citou o Nego Bispo e falou sobre o sentido da palavra desenvolvimento.. Se desenvolvimento é o que está acontecendo, de toda degradação da natureza e da vida, ela afirmou que não quer se desenvolver.

O Serenata D’ Favela fechou a noite do último dia do ciclo de debates com a doçura em forma de música e abraços.

Lúcia Sathler, a CEO do Instituto Quadro de Esperança Valquíria Silva, Suellen Castello, Ana Márcia Erler e Makapon – Foto: Gabriel Baessa

O  Projeto Mercado Cultura em Movimento é realizado pelo Ponto de Cultura Varal Agência de Comunicação, projeto do Ateliê de Ideias, que atua em parceria com a Ocupação Chico Prego (@ocupacao.chicoprego) e o Instituto Quadro (@instituto.quadro).  O recurso é do Ministério da Cultura via emenda parlamentar proposta pelo senador Fabiano Contarato (@fabianocontarato), com indicação da vereadora de Vitória Karla Coser (@karlascoser). A mídia oficial é o Calango Notícias (@calango.noticias), o jornal comunitário do Território do Bem que é produto da Varal.

Acessibilidade 

Acessível, as Rodas de Conversa contaram com a presença de intérpretes de libras, inclusive na presença virtual via instagram convidando para o evento. A acessibilidade em libras foi uma preocupação da organização das Rodas de Conversa, garantindo que pessoas surdas possam se comunicar, interagir e acessar informações de forma autônoma e plena na sociedade. Afinal, todos devem ter direito ao acesso à cultura.

Comment here

%d blogueiros gostam disto: