Foto: @rhayarachris
Já parou para pensar o quanto um espaço afeta as pessoas e desencadeia recordações? Certamente já passou na frente de alguma praça, escola, beco ou terreno, em que passou boa parte de sua infância brincando e lembrou-se do quão era bom estar lá, a nostalgia e a afetividade que o espaço traz.
Atualmente morador do Bairro São Benedito, Savio de Lima Varejão (@savio.varejao), 25 anos, viveu boa parte de sua história no Bonfim, onde guarda lembranças de infância, e da época em que sonhava ser jogador de futebol. Quando jovem, jogava nas quadras do bairro e treinava em um clubinho onde seu pai era jogador, mas seu sonho de se tonar jogador não pode ser realizado. Savio fraturou uma das pernas e teve que passar por fisioterapia, e desistir do sonho.
Devido à paixão por futebol e motivado pelo o que aprendeu nas aulas da oficina de Marketing de Lugar, oferecida pelo Ateliê de Ideias, ONG indicada por sua esposa Alice de Araújo, o jovem criou uma ação de arrecadação de cestas básicas em campeonatos de futebol comunitário, o “Futebol Solidário”, iniciativa que beneficiou moradores do Território do Bem. Dessa ação, Savio uniu-se a um grupo de amigos, e criaram o Coletivo Jovens do Bem. “O @jovensdobem__ para mim é tudo, foi o primeiro coletivo de que me tornei membro, ele me ensinou como é por trás do trabalho social, foram várias experiências que vivenciei estando nele, entre erros e acertos fui aprendendo”, conta Savio.
Além aprender e trabalhar na área social, Savio conta da importância de desconstruir preconceitos e colaborar com a construção de uma identidade social e cultural positiva do território, reflexões trazidas pela @varalcomunicao e pelo @atelieideias.es, junto com as formações do Fórum de Juventude do Território do Bem, parceiro do Jovens do Bem. “A parceria do Jovens do Bem com o @fjtb.oficial é muito importante pois com ela conseguimos fazer ações de distribuições de cestas e marmitas à população de rua, por exemplo”.
O jovem sempre almejou contribuir com a sua comunidade, “Quando pequeno, sempre via algumas pessoas do meu bairro passando necessidade. Sentia-me incapaz por não pode fazer nada por elas, mas hoje eu consigo, ajudo aqueles que passam por algumas dificuldades”, conclui.
“Tanto o serviço que ele desenvolve quanto a relação que ele tem com os movimentos sociais são importantes formações para a vida, que o tornam ainda mais consciente, sensível às causas sociais e com uma visão de vida diferente”, diz orgulhosa Alice Araújo, companheira do Savio.
“Ele está em um serviço que o estimula a ser uma pessoa melhor e que integrou na vida dele o movimento social. Ver ele participar de ações e incentivar outros jovens a seguir o caminho do bem me enche de orgulho”, completa Robson Varejão, pai do Savio.
Orgulho de ser pai
Ser pai é uma tarefa que traz inúmeros desafios, novas responsabilidades e um sentimento de amor que não cabe no peito. Aos 18 anos, Savio viu sua vida mudar radicalmente quando, em março de 2015, a pequena Heloísa Elasa de Araújo Varejão nasceu. “Ela foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida. Depois do nascimento dela comecei a ter um olhar diferente para tudo, em muitas coisas. A vida começou a ter mais sentido para mim”, conta, acrescentando o quão incrível é ser pai de menina: “É uma experiência única. Ela é uma menina de ouro, muito carismática e inteligente. Ela ama desenhar, escrever, estudar. Quando falo que é dia de ir para escola, ela se anima muito, pois sabe que vai estudar e fazer exercícios que ela ama”, e o pai coruja continua: “Ela é extremamente companheira, adora passear ou brincar, com o papai. Ela gosta de andar de bicicleta, jogar vídeo game, ler histórias, desenhar, andar de patins, ver filmes, desenhos (risos)…”.
O jovem lembra ainda que a filha o acompanha nos eventos e projetos que acontecem no Território, quando é permitida a entrada de menores de idade. Além de estarem juntos, a atitude de levar a filha às iniciativas socioculturais do território faz com que a menina cresça valorizando as potencialidades que a região pode oferecer. “Eu acho muito legal morar no Território do Bem, porque morar no Território faz parte da história da nossa família, e é um lugar calmo, os adultos trabalham com confiança. A gente vê que o território é um lugar bom e muito alegre. Vejo papai trabalhando muito bem e fazendo as coisas e fico muito feliz”, explica Heloísa, com toda maturidade de uma criança de seis anos.
“Para o futuro, eu espero que ela continue sendo essa menina maravilhosa, mas, além de tudo, que siga o caminho que ela desejar, pois, com esse carisma e inteligência, creio que ela vai conquistar tudo que almejar, e eu desejo muito isso para ela”, conclui Savio.
Fotos e Texto: @rhayarachris
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