A empreendedora Viviane Gomes dos Santos, 35 anos, vivenciou algumas atitudes racistas à frente do seu próprio negócio. Ela era dona de um salão de beleza, em uma área nobre de Vitória. “Alguns clientes chegavam ao local e se reportavam diretamente ao meu marido achando ser o dono do salão, por ser branco. Muitos nem me dirigiam a palavra, achando que era funcionária”.
Em outras situações, Viviane não era remunerada de maneira justa. “Alguns clientes menosprezavam o valor do meu trabalho por ser negra. Infelizmente, mais uma atitude preconceituosa, pois estavam “apegados” à minha cor de pele. E não na minha capacidade técnica de empreender. Mas, por outro lado, também recebi o incentivo de outras pessoas que acreditavam no meu profissionalismo e até hoje acompanham a minha trajetória”, diz.
Cansada dessas situações, Viviane uniu-se com duas amigas e criaram o movimento Black Yes! A iniciativa visa abordar as várias formas de preconceito racial enfrentadas por mulheres negras na sociedade. O grupo pretende ainda atuar no combate à discriminação e na busca de ações que incentivem o empreendedorismo, empoderamento feminino e autoestima da mulher negra.
Movimento Black Yes!
Segundo a presidente do Black Yes!, Nathalia Ayress, que é moradora do Bairro Santa Martha, o projeto nasceu da vontade de dar voz à história de mulheres negras e guerreiras. “Mesmo tão castigada ao longo da história, a mulher negra se reinventa, luta por igualdade, respeito, dignidade e oportunidade. Ela também tem talento, estuda, trabalha, ama, constrói família e possui a sua beleza única”, comenta.
A primeira atividade do grupo é o lançamento de um documentário nas redes sociais do projeto (@projetoblackyes), visando abordar os diversos tipos de preconceito racial. Dividido em quatro episódios, o documentário conta com a participação de 10 mulheres negras, entre 17 e 35 anos. “Reunimos várias mulheres negras de comunidades periféricas da Grande Vitória, para mostrar a sua beleza e empoderamento. Nesse trabalho, não existe padrões de manequim, cabelo ou boca. Apenas mulheres, negras, com cabelos crespos e só queremos ser respeitadas por isso”, frisa a modelo e voluntária do Black Yes!, Rudmyla Gaia.
A presidente do Black Yes! ressalta ainda que a missão do movimento é unir mulheres negras e outras pessoas que acreditam nessa causa, independentemente de condição social, cor ou religião. “Queremos lutar, juntas, por melhorias em várias frentes para a mulher negra. E contribuir para que esse cenário de discriminação diminua na sociedade, o que já é um grande passo e conquista, para que as próximas gerações não vivenciem o mesmo”, conclui Nathalia Ayress.
Acesso o Movimento Black Yes no Instagram @projetoblackyes e assista aos episódios do documentário e ensaio fotográficos das participantes.
Crédito foto principal: Vagner Rezende
- Julho das Pretas debate desafios, direitos e identidade da mulher negra - 3 de julho de 2023
- Mulheres recebem assistência psicológica e jurídica - 5 de abril de 2021
- Empreender na juventude traz oportunidades para o futuro - 8 de fevereiro de 2021
Comment here