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Foto Melanina fortalece autoestima negra através das imagens para criar futuros afrocentrados

Gabriel Lopes – Fotografia e concepção: @fotomelanina    Hair Stylist: @crespura_  Make: @bellaro.make   Cenografia: @gritaramme e @iaia.rocha    Figurino: @iaia.rocha    Acessório de cabeça: @aramesemfarpa  Estúdio: @tec.perifa

Reunindo a militância antirracista com a identificação com a fotografia, o Projeto Foto Melanina foi idealizado por Iaiá Rocha para fortalecer o protagonismo de pessoas pretas através das lentes. A ideia inicial veio do propósito dela de “formar quilombos” em espaços ainda marcados pela maioria de pessoas brancas. Empreendedora, psicóloga, fotógrafa e artista visual, acostumada com a vivência na comunidade desde que nasceu, Iaiá passou a lutar contra o racismo ao chegar na Universidade, no curso de Psicologia, e se deparar com poucas pessoas negras como ela. Nesse período, foi uma das fundadoras do coletivo preto de Psicologia. “Venho de periferia, nasci na região do São Benedito, Itararé, sempre fui ali do Território do Bem, sempre vivi entre muita gente preta. Mas na faculdade isso ficou bem evidente, porque eu tava sempre com a galera do movimento negro e na ideia de formar quilombos ali, por ser um espaço muito branco.”. 

No movimento estudantil, Iaiá passou a fotografar os momentos das viagens da militância que participava, despertando ainda mais o gosto por fotografar que trazia desde a adolescência. Logo se profissionalizou como fotógrafa, registrando eventos culturais. A primeira vez que reconheceu o Foto Melanina como um projeto foi durante uma oficina de escrita de projetos, em 2018: “Lá eu vi que fazia um trabalho específico, sou uma fotógrafa preta, fotografando pessoas pretas, falando de representatividade, inclusão, diversidade”. Como diz em seu livro fotográfico, o projeto nasceu para “contradizer as imagens fetichistas, estereotipadas e deprimentes que tanto ainda se veiculam sobre os corpos pretos”. 

Alexia: @derrepente_duas_alexia_alice Fotografia: @fotomelanina Hair Stylist: @crespura Figurino: @iaia.rocha Acessórios: @aramesemfarpa

Até que seu trabalho foi selecionado e financiado pela Secretaria de Cultura do ES: o projeto “Um Corpo para o Futuro” incluía 12 horas de oficina, guiada pela artista e psicóloga Castiel Vitorino, mesclando práticas da Psicologia Corporal com tradições de religiões afro-brasileiras, para envolver os participantes selecionados em torno de sua ancestralidade, autoestima e identidades negras. Esse encontro resultou em quatro ensaios fotográficos inspirados na estética do afrofuturismo. As fotos, protagonizadas pela turma, remetem a realidades futuristas tendo como cenário as estruturas modernizadas da cidade de Vitória (ES), tal como a Ponte da Passagem. Por meio da força das imagens, o livro expressa a construção coletiva de um futuro afrocentrado: “Um futuro que não esquece nossas rainhas e reis que lutaram por uma sociedade livre. Que nos deixaram tanto conhecimento, que ainda longe estamos de acessar todos eles. Um futuro onde eu possa enxergar um outro corpo preto pura força e potência”, escreveu Iaiá.

Acesse o Livro em bit.ly/livro-corpofuturo

Após essa experiência, Iaiá se engajou ainda mais em criar e gerir projetos voltados para oferecer soluções para trabalhar a autoestima negra, através de ancestralidade, de letramento racial, tudo isso usando a imagem como ferramenta. Com isso, ela chegou a uma de suas conquistas atuais mais importantes: com o FotoMelanina, ela foi selecionada para o Festival Feira Preta em 2022, entre umas das 50 aceleradas do Programa de Aceleração de Empreendedoras Negras e Indígenas. “O programa de aceleração foi muito intenso com  mulheres de vários lugares do Brasil, com diversas experiências e trabalhos reconhecidos. Pessoas que eu admirava estavam ali estudando comigo, que honra eu tive de estar sendo acelerada por essas mulheres, e de ter aula com mulheres mais incríveis ainda. E depois disso, o deságue foi o Festival Feira Preta, como resultado disso tudo”.

Com isso, o Foto Melanina se confirmou ainda mais como um projeto para fortalecer a consciência da ancestralidade negra, como forma de construir futuros com mais valorização para essa memória, como diz Iaiá: “Trabalho muito pela perspectiva afrocêntrica, que é conhecer nossa história pelas nossas lentes, e o afrofuturo, que significa dizer: ‘ao conhecer minha história, como projeto novos futuros?”. 

Texto: Lais Rocio

Fotos: Foto Melanina

Calango Notícias

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