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Os desafios da segurança nas comunidades

Foto: Thais Gobbo

Segurança. Essa é uma palavra mágica e um sonho para quem quer viver bem.

Segurança de poder andar nas ruas com tranquilidade, segurança financeira em dias de economia instável, segurança nos relacionamentos, segurança de ver uma criança atravessando a rua, segurança de estar tudo bem no nosso lar.

Quem não sonha com tudo isso? Como muitas dessas questões não estão ao nosso alcance resolvê-las, sobre outras conseguimos tomar algumas medidas. E é sobre isso que queremos falar nesta reportagem: a segurança da rede elétrica da sua casa ou próxima a ela.

Os riscos de acidentes com a rede ou instalações elétricas são enormes, e quando acontecem podem ser fatais. Por isso, qualquer trabalho executado próximo à rede, seja uma nova construção ou reforma, ou qualquer ligação na parte interna do imóvel, deve ser realizado com muita segurança de, no mínimo, dois metros de distância da rede.

Outro cuidado que devemos tomar é com fios soltos ou partidos da rede elétrica ou próxima a ela. Nunca toque ou faça qualquer intervenção, a melhor atitude a tomar é sinalizar a área. Avisar para pessoas próximas se afastarem e ligar para a EDP.

O que fazer?
Foto: Thais Gobbo

Em locais como das nove comunidades que formam o Território do Bem, onde os 32 mil moradores não dispõem de muito espaço para construírem suas residências, os cuidados precisam ser triplicados.

Segundo Valmir Dantas, liderança comunitária de São Benedito, são inúmeros os casos de obras próximas ou debaixo da rede. “A maioria dos casos, quando a gente vê, já estão prontas, então fica mais difícil encontrar uma solução”.

Ele disse que recentemente uma empresa de material de construção construiu um galpão a menos de 20 centímetros de rede e muito próximo ao transformador. O risco para ele e para os moradores próximos é real”, afirma.

Ele afirma que orienta, o tempo todo, os moradores a ligarem para o 0800 da empresa de energia, e a buscar soluções para os casos que ofereçam riscos. “Recentemente, aqui no alto do morro, dois cabos se romperam e um poste pegou fogo. Eu imediatamente liguei para a empresa e tudo foi resolvido”, afirmou.

Resolver o problema antes
Foto: Thais Gobbo

Tentar resolver o problema antes que ele apareça. Essa é atitude adotada pela arquiteta Yolanda Faustini e pelo pedreiro Valdeir Martins dos Santos em todo o trabalho que executam, principalmente quando o quesito em questão é a segurança.

Yolanda faz parte ONG Onze8 que defende a orientação técnica de profissionais da área para construção ou reforma de edificações, para comunidades com poucos recursos, como um direito público, o que evitaria muitos riscos para a população.

“Quando nos deparamos com situações de risco, orientamos o morador antes de executar qualquer intervenção, para evitar que o problema aconteça. O primeiro caminho é sempre o diálogo”, afirma.

Yolanda, que participa do projeto Saúde Habitacional, que em parceria com outras organizações e apoio de empresas, executa busca promover moradia digna no Território do Bem, relata o caso de uma obra na comunidade de Jaburu que, devido ao pouco espaço, a escada da casa englobava o poste de energia.

“Neste caso, conversamos com os moradores, redirecionamos a obra e encontramos uma solução mais segura. E os moradores ganharam um espaço que se tornou uma pequena área verde na residência”, afirma.

“Ninguém quer fazer errado, correndo risco ou infringindo normas, mas por falta de informação ou recursos, os problemas aparecem”, declara.

Foto: Thais Gobbo

Quem não abre mão da segurança de forma alguma é o pedreiro Valdeir Martins dos Santos, de 36 anos, morador de Jaburu. Ele começou na profissão aos 19 anos e hoje já acumula quase duas décadas de experiência.

“Eu chego em todas as obras que pego e verifico logo a questão elétrica, se o fio utilizado é o correto, se as mangueiras estão em boas condições, só assim eu começo o trabalho. Quando a situação é séria, eu oriento o cliente para contratar um eletricista experiente”, afirma.

Ele diz que, na sua opinião, o barato pode sair caro. “Eu falo com meus clientes que uma instalação elétrica segura ajuda a economizar energia também. E quanto à distância da rede a gente também fala dos riscos e ajuda a buscar soluções com o morador”, afirma.

Ele disse que já deixou de realizar trabalhos porque o cliente não quis seguir suas orientações quanta à segurança elétrica. “Era um edifício e o morador queria que eu fizesse um serviço que colocaria não só ele, mas outros moradores em risco. Então deixei a obra. Depois soube que o síndico interviu e a obra não aconteceu”, contou.

EDP alerta sobre riscos de acidente 

As obras e reformas da construção civil ou manutenção predial representam, de fato, grande risco de acidentes com energia elétrica. A EDP, distribuidora de energia elétrica do Espírito Santo, reforça orientações e alerta para os principais erros que causam acidentes, como a contratação de profissionais especializados e o uso de equipamento de proteção individual.

Foto: Thais Gobbo

A empresa destaca que umas das ocorrências mais perigosas e comuns durante as reformas é quando se encostam ferragens ou ferramentas na rede de energia, principalmente, se está sobre andaimes ou trabalhando nos andares superiores dos imóveis. Encostar na fiação, seja diretamente ou por meio de objetos, pode causar acidentes graves, como queimaduras e até mortes.

Além disso, a Distribuidora alerta que é fundamental prestar atenção na distância entre o local onde se está trabalhando e a rede elétrica. Não se deve, sob nenhuma hipótese, fazer edificações perto dos fios, nem ficar tão próximo a eles no momento de reformas ou manutenções. Mesmo uma simples obra no telhado ou uma pintura de fachada pode causar incidentes.

Os principais motivos de acidentes na construção civil:

– Encostar materiais de construção ou ferramentas na rede elétrica;

– Construir próximo à rede, deixando o telhado sem a distância segura para fazer a manutenção;

– Colocar andaimes perto da fiação;

– Fazer ligações clandestinas ao construir ou ampliar imóveis;

– Usar máquinas de grande porte, como tratores e retroescavadeiras, nos arredores da rede;

– Instalar antenas no mesmo lado onde está a rede de energia;

– Se apoiar nos fios ou na parte superior de postes;

– Não tomar os devidos cuidados com a altura, para evitar quedas;

– Arremessar cabos sobre a rede elétrica, mesmo que encapados, pois a capacidade de isolamento do material pode não ser suficiente para evitar a passagem da eletricidade.

Marina Filetti

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