Foto: Thais Gobbo
A banda já cortou o seu mastro e vai fazer procissão pelo bairro Santa Marta, nos dias 24 e 25 de dezembro, apenas com seus integrantes. O apelo é para que todos acompanhem o cortejo de suas casas e acenando, devido à pandemia do coronavírus.
Com a pandemia do coronavírus numa escala ascendente e assustadora no Brasil, a ordem é ficar em casa neste fim de ano. Mas como manter tradições onde o palco principal de suas manifestações é a rua? A Banda de Congo Amores da Lua, do bairro Santa Marta em Vitória, dá a dica. Usar máscaras e assistir ao cortejo da janela de casa.
O mestre Ricardo Sales, informou que os festejos da banda tiveram início no dia 08 de dezembro, com a cortada do mastro na mata da barreira. “Com todos os conguistas e dançarinos de máscara”. E no dia 24 e 25 de dezembro acontecerão os cortejos pelas ruas do bairro em louvor a São Benedito, mas apenas com um número reduzido de integrantes da banda de congo.
“Será um cortejo curto, com a réplica do nosso mastro, com a nossa bandeira, mas com todos se prevenindo. Peço a todos que se cuidem, se preservem, e na hora da nossa passagem, acenem e acompanhem tudo de suas casas. E que temos fé em São Benedito, Nossa Senhora e São Sebastião, de que tudo isso vai passar”, afirmou.
A origem do congo
O caldeirão de raças que forma o Brasil, nos torna também o país de maior diversidade cultural do mundo. E o congo, um ritmo musical genuinamente capixaba, é uma representação autêntica dessa diversidade. Ele reúne elementos da cultura negra e indígena nos instrumentos como tambores, cuícas e casacas, nos ritmos e na dança. A influência da religiosidade europeia aparece em seus jongos, músicas cantadas nas rodas e cortejos, muitos em homenagem a santos católicos.
Este patrimônio imaterial da cultural do Espírito Santo, tombado pela Secretaria Estadual de Cultura em 2014, é preservado por bandas formadas principalmente em comunidades do litoral e que se apresentam em festas religiosas como as de São Benedito, São Pedro, Nossa Senhora da Penha e São Sebastião. Os cortejos nas fincadas e retiradas de mastro, que acontecem no final e início de cada ano, costumam atrair multidões.
Entre as dezenas de bandas encontradas pelo nosso litoral, uma fica no coração da cidade de Vitória. É a banda Amores da Lua formada em 1945, por seu Alarico de Azevedo e Dona Cecília Rosa Azevedo, parteira e capelã de ladainha, na localidade Vale do Mulembá, hoje bairro Santa Martha. Desde então, a banda viaja por todo o Estado, pelo Brasil e até por outros países, animando as pessoas com as batidas fortes e latentes de seus tambores.
Desde 2004 a Banda Amores da Lua tem como mestre Ricardo Salles, bisneto dos fundadores e neto do mestre Reginaldo Salles. “Cresci em meio as tradições congueiras e desde os primeiros passos, já participava dos cortejos de congo junto a outras crianças. Aos sete anos comecei a tocar tambor e casaca, aos 15 me tornei coordenador, e aos 23 me tornei capitão do congo, com honra de apitar e reger a banda durante os festejos”, conta o mestre em seu site.
A banda já gravou disco em vinil e três CDs em parcerias com outras, participou de diversos documentários e livros que registram a tradição das bandas de congo. Também mantém um trabalho educativo, se apresentando em escolas, faculdades e universidades, visando a divulgação da cultura congueira e o combate ao preconceito, e também se apresenta em festivais e eventos culturais.
Saiba mais sobre a Banda de Congo Amores da Lua:
http://bandadecongoamoresdalua.blogspot.com/
https://ricardosalesamores.wixsite.com/mestrericardosales
https://saberesdocongoufes.wixsite.com/saberes/amores-da-lua
- Feira de Reciclagem fecha as comemorações da Semana do Meio Ambiente - 9 de junho de 2022
- Férias chegando! É hora de brincar com segurança - 9 de dezembro de 2021
- Os desafios da segurança nas comunidades - 4 de dezembro de 2021
Comment here