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Férias chegando! É hora de brincar com segurança

Fotos: Thais Gobbo

Empinar pipas é uma brincadeira gostosa para todas as idades. E melhor ainda, é praticada ao ar livre. Mas é preciso escolher o lugar certo, longe de pessoas, animais, residências e principalmente da rede elétrica.  E se soltou pipas da sua casa e ela ficou presa na rede, solte-a imediatamente. Nunca tente retirar qualquer objeto preso à rede elétrica. Os riscos são grandes e podem ser fatais.

As férias estão chegando. E com elas a vontade de viver “livre, leve e solto” dos compromissos, um desejo de crianças, jovens e adultos. Empinar pipas é a brincadeira perfeita, que simboliza a liberdade, a possibilidade de voar e tocar o céu. Entretanto, para que a diversão seja segura, é preciso atenção.

A busca por um local seguro para soltar pipa, que não oferece riscos para quem está brincando ou gere transtornos para a população, é o principal cuidado. O lugar deve ser aberto, onde não passe pessoas ou animais, e não tenha construções e principalmente redes de energia elétrica.

Foto: Thais Gobbo

Em contato com a rede, a linha da pipa pode provocar descargas elétricas que colocam em risco a vida das pessoas ou interromper o fornecimento de energia e causar prejuízos para a comunidade. Importante também é nunca utilizar linhas com cerol (mistura de vidro, cola e outros ingredientes) e fios metálicos, materiais que podem provocar curtos-circuitos e descargas elétricas, ou ainda atingir outras pessoas ocasionando graves acidentes.

Assim como as pipas, suas linhas e rabiolas representam um risco, arremessar objetos na rede também ocasionam acidentes elétricos. Esta é uma brincadeira que pode “até” parecer engraçada, mas que pode ter consequências muito sérias.

Para que as férias sejam perfeitas e o retorno às aulas e ao trabalho aconteçam de forma harmoniosa, é preciso brincar e muito, mas de forma segura.

Uma paixão da infância

Cuidados essenciais para a vida e para o trabalho que são observados diariamente por Gledes Mião de Lima, de 42 anos, casado e pai de dois filhos, que vive de fabricar, vender e soltar pipas, o chamado pipeiro. “É uma paixão que me ajudou muito, me desviou do caminho das drogas. Se eu não solto pipa, fico logo estressado”, afirma.

Gledes e o filho, Calebe de Lima, 9 anos.

A paixão chegou cedo, aos 7 anos de idade como brincadeira e se tornou uma profissão. Ele e a esposa, Laurene Conceição, chegam a produzir e comercializar mais de quatro mil pipas por mês. O trabalho é todo realizado na residência do casal, no Bairro Santa Marta, em Vitória.

Para divulgar o trabalho, eles utilizam as redes sociais e participam de festivais e campeonatos de pipa. “A maior satisfação é quando você vê o fruto do seu esforço subindo, conquistando os céus. Essa é a maior recompensa”, afirmou

A segurança é outro quesito do trabalho de Gledes. “Eu sempre procuro saber onde as pessoas vão empinar a pipa e oriento para evitar locais onde há tráfego de pessoas e animais, e principalmente rede elétrica. O melhor são os locais abertos, livres”.

Ele explica que nunca presenciou acidentes, mas os amigos já lhe relataram casos graves. “Num dos casos a linha se prendeu à fiação. Esta se rompeu e pegou fogo. Foi um estrondo. Não teve vítimas, mas assustou muito”.

Ele reconhece o perigo e orienta os clientes para evitar que a brincadeira termine em tragédia. E indica que, no Território do Bem, o melhor local para brincar é o Cemitério de Maruípe, uma área aberta e segura.

Maracujá na rede
Foto: Thais Gobbo

Jaburu, uma comunidade que fica no coração de Vitória, tem forte adensamento habitacional, poucos espaços de lazer e convívio social com ruas, becos e vielas estreitas e redes de energia elétrica muito próximas às residências, característica comum aos oito bairros do Território do Bem.

Segundo o presidente do Movimento Comunitário/Grupo Nação, Cosme Santos de Jesus, as lideranças orientam os moradores quanto aos riscos com a rede elétrica. “Procuramos alertar os moradores que estão construindo ou reformando residências e comércios de manter uma distância segura. Num projeto social de melhoria habitacional que realizamos aqui, durante a pandemia, a solução foi afastar a casa da rede”.

Ver coisas arremessadas na rede, como calçados e peças de roupa, é comum em Jaburu. Cosme conta que um dia, andando pela comunidade, reparou num pé de maracujá plantado junto ao posto e cujas ramas já se espalhavam pela rede elétrica. “Os moradores próximos brincaram que não iam mais comprar o fruto, que era só esperar cair da rede”, conta.

Foto: Thais Gobbo

Sem muitos espaços de lazer, empinar pipas, então, é uma das brincadeiras preferidas crianças e adolescentes do bairro. Uma “galera” bem numerosa em Jaburu que, além das lajes das próprias casas e dos vizinhos, chegam a escalar o telhado de um prédio público para soltar seus “papagaios de papel”.

“A nossa preocupação com a segurança é grande. Além do perigo de quedas, por aqui a fiação sempre é muito próxima das residências, e oferece risco forte de um acidente”. “Temos um Mirante aqui que é um lugar seguro, mas é preciso mais diálogo com nossos jovens sobre os riscos desta brincadeira”.

Cuidados com a rede

Os cuidados recomendados por Gledes e Cosme são semelhantes às orientações de técnicos que atuam com segurança elétrica. O Gestor Operacional de Construção e Manutenção de Redes da EDP, Marcelo Cardoso, reconhece que soltar pipas é uma brincadeira salutar, mas  em segurança. E arremessar objetos na rede é uma prática muito perigosa para todos.

Foto: Thais Gobbo

“É preciso evitar a brincadeira nas lajes das casas, e sim buscar os locais abertos, livres”. Marcelo explica que as linhas das pipas, quando se enroscam na rede, se tornam condutoras de energia e podem provocar descargas elétricas, ocasionando queimaduras e até óbitos em casos mais graves.

A preocupação tem fundamento, pois os casos de acidentes de desta natureza tem aumentado muito. De janeiro a outubro de 2021 foram registrados 1023 acidentes desta natureza nas 70 cidades atendidas pela empresa no Espírito Santo.

Marina Filetti

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