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O som que ecoa de Itararé para o Brasil e para o mundo

O coral de Itararé, formado por cerca de 35 crianças e jovens, leva a música capixaba para todos os cantos do Estado e do Brasil. E, além de ensinar a cantar, também desperta o sentimento de coletividade e protagonismo nos participantes.

Um grupo de crianças e jovens que queriam estudar música e uma maestra inquieta que desejava ensinar mais. A união destes dois desejos fez nascer um coral que é sucesso para muito além do Território do Bem e já subiu em muitos palcos estaduais e nacionais.

É o Algazarra Coral, formado por cerca de 35 jovens, a maioria das comunidades do Bem. Todo o trabalho de formação é desenvolvido pela maestra Alice Nascimento que, junto com o pianista Juca Magalhães, fundou o Instituto Todos os Cantos.

A primeira reunião para formação do coral aconteceu em fevereiro de 2011, na pracinha do bairro Itararé. Alice trabalhava em projetos sociais onde não tinha oportunidade de desenvolver um aprofundamento de técnicas musicais com os alunos. “Eu ficava bastante inquieta ao perceber o quanto as crianças e os jovens tinham muito mais de musicalidade a serem desenvolvidas e ficavam sendo trabalhadas de forma superficial”, declarou Alice

Foi dos próprios alunos a iniciativa de solicitar à maestra que continuasse a trabalhar com o grupo, com músicas e um repertório mais exigentes e potentes.  “Eles eram bem pequenos e aí eu reservei um dia na semana, na sexta à noite, para fazer um trabalho voluntário e atender ao pedido desse grupo de crianças. Na época era um grupo maior morador de Itararé (Vitória), outro grupo de Novo Horizonte (Serra) e outro de Feu Rosa (Serra)”, afirmou.

Em Itararé, os ensaios começaram na sede da Associação de Moradores, depois na Unidade de Saúde, na Escola Ceciliano Abel de Almeida, e antes da pandemia, os ensaios aconteciam na Paróquia Santa Tereza de Calcutá.

Foto: Thais Goobo

Assim nascia o Algazarra. A escolha do nome surgiu de um esforço coletivo do grupo que tinha como proposta se fazer protagonista no debate e busca de soluções para todos os problemas que surgiam. “Foram seis meses fazendo laboratório para achar juntos o nome do coral. O grupo aproveitava para brincar, falava coisas engraçadas, todos riam. Alguns colocavam nomes de bicho e de outras coisas. Até que alguém disse: “Isso aqui é uma algazarra”. Assim ficou Algazarra como o nome do coral” diz Alice.

No Currículo do Coral constam apresentações em palcos capixabas e em festivais nacionais e internacionais, como o XII Canta Coral, em Ipatinga (MG), em 2012; O Gran Finale, no Memorial da America Latina, em São Paulo (2013); o Canta Brasil, na cidade de Caxambá (MG), em 214; o III Cantoritiba, em 2016, em Curitiba (PR); e as parcerias com o Coro Luther King, em concertos nas catedrais da Sé, em São Paulo, e na Catedral Metropolitana de Vitória, em 2018 e 2019.

Desde 2013 o Coral realiza também o Concerto Pop Rock, comemorativo do dia internacional do Rock. Foram quatro edições nos palcos do Parque Botânico da Vale e do Teatro Glória e, em 2020, em consequência da pandemia, com um web concerto.

Mikaella Carvalho já foi aluna e hoje é monitora do Coral Algazarra. Ela conta que participar do coral foi uma coisa revolucionária. Ali, além de aprender mais sobre música, ela fez amizades para a vida toda. Mas subir no palco, nas apresentações, foi o maior e melhor desafio. “Eu me apresentei em vários espaços nobres do Brasil e do Estado. Mas o que mais me marcou foi o Festival Cantares, no Teatro da Ufes, que tinha como tema o rock, e no Brasil foi na Catedral da Sé onde fizemos uma apresentação com a Camerata Sé e o Coral Luther King (SP). Nesse dia eu fiz o solo da Missa de Mozart. Foi o dia e o evento que mais me marcou”, relata Mikaella.

Desde os sete anos que Ana Clara Moreira de Oliveira, moradora do Bairro da Penha, estuda música. Hoje com 22 anos ela aperfeiçoa seus conhecimentos no Núcleo de Canto e é monitora do naipe dos contratos do Coral Unimed Cante de Casa, ambos também projetos do Instituto Todos os Cantos.  “Participar do coral, é um prazer inexorável, porque me possibilita o acesso a coletividade, a música nas mais diversas línguas e cultura. Também me oportuniza o auto – conhecimento a partir das apresentações e desafios propostos ao grupo.”, afirma.

“Conheci estados brasileiros, tive uma infância voltada para sentimentos de pertencimento e criatividade. Vejo quanto o contato com a música e a arte nos torna pessoas mais empáticas e aguça a nossa imaginação, fazendo com que possamos descobrir o melhor de nós mesmos” Continua Ana Clara.

Davi Ribeiro Szarazgat , 22 anos, mora na Praia da Costa, em Vila Velha,  mas também participa do Algazarra Coral. Ele quer ser músico, letrista e vocalista de rap. “Entrei no coral em abril de 2019, depois de ter conhecido em 2017, e me apaixonei por tudo nele, as pessoas, o ambiente, e claro a música. Eu tinha 20 anos e havia passado uma situação complicada dos 15 aos 19 anos. Então quando cheguei e vi eles ensaiando músicas que eu amo como Garota de Ipanema, Don’t Stop Me Now, dentre outras, achei muito legal fazer parte. Desde então conheci a Alice, o Juca, outros coristas que se aproximaram de mim e tivemos um ano lindo, com a viagem para SP (minha terra natal) coroada como grande momento pois ficamos por alguns dias lá e tivemos a oportunidade de cantar ao lado do Coro Luther King, um dos maiores do país e do mundo”, afirma.

Davi faz planos para o futuro. “Quero seguir enquanto eu puder, tenho planos de faculdade e trabalho que podem me afastar do  Algazarra, mas tenho certeza que vai estar pronto pra me deixar voar como o Blackbird de Paul e John (rs). Que 2021 seja mais um ano lindão para nós, com conquistas coletivas e individuais e como já sabemos: Quem faz a farra? Algazarra!”.

Outros Projetos

O Algazarra Coral é um dos sete projetos desenvolvidos pelo Instituto Todos os Cantos. São três turmas, o Algazarra Coralito com crianças de três a cinco anos,  o Algazarra Turma Elza Lakschevitz, que trabalha com crianças entre 6 e 12 anos. E o Algazarra Turma Martinho Lutero Galati, com jovens entre 13 e 23 anos.

O Instituto desenvolve ainda os projetos Núcleo de Canto, que é um centro de estudos avançados para jovens oriundos do Algazarra Coral, que desejam se aperfeiçoar  e aprofundar os conhecimentos da técnica vocal, linguagem musical e iniciar uma trajetória artística. Trabalham com esses jovens, de forma individual, as cantoras líricas Meire Norma e Priscila Reis. Os ensaios acontecem na Paróquia de Itararé.

A Orquestra de Mulheres do Espírito Santo (OMES) foi formada em 2019, a partir da iniciativa de um grupo formado por musicistas profissionais e estudantes de música, em busca de aperfeiçoamento. E ainda o Coral Unimed Vitória Cante de Casa, que oferece aulas de técnica vocal para cooperados e colaboradores da Unimed Vitória e para toda a sociedade.

O Instituto também atuou de forma solidária durante a pandemia, com a distribuição de cestas básicas para coristas do Martim Lutero, incluídos num perfil de vulnerabilidade social. “ Desde o início da pandemia temos feito este trabalho de solidariedade com as famílias que enfrentam dificuldades”, afirmou Mikaella.

Inscrições abertas

Foto: Thais Goobo

Se você gosta de cantar e tem desejo de aprimorar esse talento aprendendo a usar corretamente a sua voz,  o Instituto Todos os Cantos está com inscrições abertas para todas as turmas do Coral Algazarra.Os interessados podem entrar em contato com o Instituto todos os cantos pelo watsapp 992299593 ou 988480341 ou através de suas redes sociais.

Segundo a secretária e monitora do Coral, a ex aluna Mikaella Carvalho, com a pandemia do novo coronavírus, de março a setembro, todos os ensaios do coral foram virtuais. Mas a partir de outubro, os ensaios voltaram a ser presenciais, seguindo todas as regras de segurança, do distanciamento social.

Saiba mais sobre o Instituto Todos os Cantos e o Algazarra Coral  em suas redes sociais ou pelo site: https://todososcantos.com.br/

Marina Filetti

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